SOLIDARIEDADE ANTICAPITALISTA ÀS/AOS COMPANHEIR@S DE GÊNOVA

Nota-convocatória de uma assembléia anticapitalista de Fortaleza, em solidariedade às/aos compas de Gênova.

Ao lado, foto da manif de julho de 2001, em Gênova.

O capital recorre a todos os meios para que, na realidade presente, suasupremacia se torne incontestável. Em sua necessidade-vontade dedominação, esse inimigo da humanidade e da natureza resgata cotidianamente o seu próprio passado sanguinário e opressor para garantir o único futuro que lhe interessa: a manutenção do mercado edo Estado em função da passividade das pessoas e do crescente sacrifício dos recursos naturais, colocando em xeque a própria vidado planeta.

Os contestadores, rebeldes, insubmissos e resistentes, estamos sob perigo permanente de morte e de sermos jogados aos porões do Estado repressor, como tantos e tantas já se encontram. Sabemos que há muito tempo esses expedientes de criminalização dos movimentos sociais e de prisão ou assassinato de revolucionários são utilizados pelos senhores do mundo: dizem-nos isso, dentre muito mais gente, os comunardos de 1871, Sacco e Vanzetti, Durruti, os revoltosos de Kronstadt e da Ucrânia maknovista, Leonard Peltier, Múmia Abu-Jamal os presos políticos zapatistas. E dizem-nos também a esse respeito, sempre, todas as pessoas ditas comuns, maiorias e minorias, que sofrem as violências cotidianas do Estado, desde as favelas do continenteamericano até a Faixa de Gaza, de norte a sul, de leste a oeste.

Contudo, algo mais grave começou a ocorrer desde o 11 de setembro de 2001: toda e qualquer contestação a esta ordem espúria e maldita, sendo ou não taxada de terrorista, tem sido submetida a medidas de exceção, por dentro ou por fora da legalidade, seletivas ou generalizadas, através de vigilâncias, repressões, provocações, enquadramentos criminais e mesmo eliminações físicas cada vez mais intensificadas. Parece que a imensa maioria ainda não se deu conta da guerra não declarada contra todos os anticapitalistas do mundo. E é uma guerra maliciosa, na qual o inimigo dá a pancada e ao mesmo tempo passa docemente a mão na parte machucada. Esse papel pretensamente humanista de amaciar a pancada é levado a cabo pelos reformistas de plantão, sempre prontos a enquadrar nas políticas públicas dos governos democrático-populares e nos fóruns sociais mundiais da vida as tentativas das pessoas de se libertarem da dominação capitalista.

Desde meados dos anos noventa do século passado, com a rebelião zapatista, a manifestação de Seattle, os dias de ação global, cujo ápice ocorreu em Gênova no ano de 2001, e outras muitas e várias iniciativas, que surgem indivíduos, coletivos e movimentos sociais que se organizam por fora dos partidos, sindicatos e demais aparatos da esquerda tradicional (do capital, para muitos!), buscando um pensar-agir horizontal, autônomo, sem hierarquias e, de diversos modos, com revezes e vitórias, avanços e recuos, aprendendo a lutar contra o capitalismo. Aprendizados ricos e que merecem e se obrigam, por questão de sobrevivência, a dialogar permanentemente.

A solidariedade anticapitalista mundial pode ser uma excelente oportunidade para esse diálogo. Várias pessoas, que poderiam ser qualquer um(a) de nós, desde a operação 11 de setembro, caíram ou estão presas ou sofrem processos movidos pelo Estado paradisciplinar que tenta calar as vozes e mãos revolucionárias. Há sofrimentos vitais suficientes para que nos reunamos e tracemos pontes de solidariedade e diálogo em defesa da vida, da dignidade, da liberdade e da memória: Múmia, Romain Dunand, os 25 companheiros cujas penas somam um total de 108 anos de prisão por suas participações do ação global em Gênova no ano de 2001 (além de muitos outros que estão porser julgados), Cesare Battisti, os presos políticos de Atenco e Oaxacano México, Patrícia Troncoso (mapuche), dentre outr@s Por estas razões, conclamamos você, indivíduo ou coletivo, para aprofundarmos essa discussão e extrairmos encaminhamentos rumo à solidariedade anticapitalista concreta às pessoas criminalizadas pelo Estado, de um modo permanente e vinculado às lutas cotidianas .


APRESENTAÇÃO DE VÍDEO SOBRE A MANIFESTAÇÃO CONTRA O G-8 EM GÊNOVA (ANO DE 2001), DEBATE E PROPOSIÇÕES: 26 DE JANEIRO DE 2008 (SÁBADO), ÀS 14 HORAS, NO C.H. DA UECE (AVENIDA LUCIANO CARNEIRO, 345).